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A ciência por trás do Food Safety Modernization Act

Por Eduardo - Pesquisa

Última atualização em 07/10/2015

Cientistas americanos buscam métricas que atendam à nova regulamentação para cultivo, colheita e embalagem de alimentos nos EUA.

 

            Uma versão final da proposta de Normas para Cultivo, Colheita, Empacotamento e Exploração de Produtos Para o Consumo Humano deverá ser lançada em setembro deste ano nos EUA. Também é esperada para o mesmo período uma normatização intitulada Boas práticas correntes de fabricação de alimentos para animais com base em análise de risco e controle preventivo. Elas fazem parte do Food Safety Modernizaition Act (FSMA), a mais ampla reforma das leis de segurança alimentar dos EUA em 70 anos.

            De acordo com Robert L. Buchanan, professor da University of Maryland e ex-funcionário da FDA, as novas normatizações representam um grande desafio porque muitos dos padrões e normas propostos são alicerçados em dados com mínima base científica. Ele foi o último palestrante do I FoRC Symposium, nesta quarta (2/9).

            “Os dados foram adquiridos em laboratórios, não em campo. Muitos são específicos de uma determinada região e não estão disponíveis em outras. Por fim, os dados não estão igualmente disponíveis para diferentes setores, como por exemplo, grandes fazendas, pequenas propriedades, propriedades que trabalham com orgânicos etc”, diz o professor. Assim, um time de pesquisadores foi destacado para um projeto comandado pela USDA - National Institut of Food and Agriculture para ajudar a produzir métricas válidas de segurança alimentar que podem ser aplicadas em várias áreas cultiváveis.

            A apresentação de Buchanan teve como objetivo fazer um sumário de fatores que aparentemente têm potencial para prover métricas práticas e cientificamente embasadas: tanto fatores que parecem ser relativamente consistentes entre as diversas regiões do país quanto aqueles que se mostram diferentes entre elas.

            “Os objetivos são prover dados sobre comercialização, sobre o uso da água e as fontes, bem como parâmetros e condições ambientais, a colheita e o processamento, o controle de temperatura e a cadeia de segurança alimentar, mapeamento de risco, e atividades de extensão e educação”, esclarece Buchanan.

            Ele afirma que indicadores como a presença de Escherichia coli e outros patógenos não provêm bons parâmetros, embora até hoje não existam substitutos reconhecidos. “A Escherichia coli tem sua presença influenciada por fatores como as chuvas e eventos afins. Os patógenos, em campos bem manejados, são raros”, salienta.

            Estudos feitos por Buchanan e sua equipe com espinafre, tomate e alface, irrigados com água contaminada, mostram que a população de E. coli decresceu para o nível anterior (ou menor) cinco dias após a irrigação. “A quantidade de água contaminada que entra em contato com a plantação durante os primeiros estágios da produção parece não ter impacto na qualidade do produto, do ponto de vista da presença ou não de micróbios, na fase da colheita”, diz Buchanan.

            No tocante a condições ambientais, ele afirmou que métricas sobre dispersão aérea podem ser complicadas pois o estrume das vacas não se dispersa tão rápido como o das aves de capoeira. “Ao que parece, métricas baseadas na quantidade de estrume de aves por litro de água nos dariam o pior cenário possível. A presença de Staphylococcus aureus seria um indicador melhor”, afirma.

            Em seguida, ele citou dados de uma pesquisa feita com 400 agricultores em todo o país, que mostra que a maioria deles já utiliza as práticas de segurança alimentar preconizadas pelos instrumentos de regulação e que o tamanho das fazendas não afeta a probabilidade de uso de medidas de segurança.

            “Também descobrimos que práticas agrícolas sustentáveis estão negativamente correlacionadas com a probabilidade de testes e inspeções em campo e que as práticas de segurança alimentar estão associadas a um aumento de custos com atividades como obtenção de amostragem, testes, saneamento dos recipientes de colheita e manutenção de registros”, relata Buchanan. 

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